Liliane e Gleydiane
são irmãs e estudam na escola rural onde moram com seus pais elas tem 12 anos e
vão de bicicleta todas as manhãs e retornam por volta do meio dia, quando
chegam o almoço esta servido e após elas vão fazer os deveres escolares para
depois cuidar das tarefas de casa, na zona rural é muito trabalho e os filhos
tem que ajudar nas tarefas caso contrário acumula serviço. Malvina e Humberto
são casados a 20 anos e lutam para conseguir um pedaço de terra para plantarem
só para eles, eles moram nas terras de Belisário um homem sem escrúpulos e
cheio de ódio, nada que faz a este homem é suficiente, vive cobrando da família
para tirar as filhas da escola e coloca-las no trabalho da lavoura. Os pais
relutam e se desdobram no trabalho para manter as filhas estudando. Uma tarde
quando as meninas varriam os terreiros de café ele chegou e foi logo dizendo palavras
feias as meninas com medo se retiraram o que deixou ele indignado. Quando os
pais chegaram elas contaram cheias de medo, Humberto disse filhas quando ele se
aproximar saiam de mansinho não precisa dizer nada.
Todas as tardes elas gostavam de sentar no balanço nos
galhos de mangueira e ficar olhando o pequeno córrego que cortava o terreno,
elas observavam os pássaros e outros insetos que voavam por lá a noitinha os
vaga-lumes acendiam suas lanterninhas e elas achavam o máximo. Quando os
professores lhes davam trabalhos elas gostavam de escolher os insetos pois
achava fascinante o mundo dos insetos. Ao chegar do trabalho Malvina notou
Liliane um pouco triste e perguntou o que foi, a menina respondeu o s.r. Belisário
esteve aqui e zangou com a gente disse que lugar de vadia é no mato trabalhando
e rendendo o serviço, mas o que vocês estavam fazendo quando ele chegou. Nós
estávamos sentadas na rede e folheávamos um livro de história. A mulher ficou indignada com a
petulância do patrão e disse ao marido precisamos nos mudar deste lugar não
suporto mais este homem querendo mandar até em nossa vida. O marido cheio de
paciência disse calma o próximo ano mudaremos, estou vendo um lote na entrada
da cidade se for possível comprarei e farei uma casinha pequena para nós. Então
a mulher se conformou e pediu a Deus para proteger suas filhas do patrão. O ano
terminou e as meninas estavam de férias da escola. A festa da escola seria no
sábado e todos estavam animados os pais estariam presentes e as filhas estariam
lindas para pegar o diploma do primeiro grau, no ano seguinte iriam para 5°
série e queriam estudar muito e ser alguém no futuro.
Na noite da festa os alunos estavam todos lindos e os
professores estavam organizando uma festa para todos os convidados. Belisário
iria chegar bem na hora da festa seria paraninfo da turma para tristeza de
Liliane e Gleydiane. Mas o acaso tratou de cuidar dele. Com tanta prepotência e
maldade ele disse que não iria comprar presentes para ninguém e na correria
para economizar tempo queria chegar bem na hora e terminar logo, tinha muitos
afazeres. Na estrada que dava para escola tinha uma curva e cheia de pedras uma
cachoeira que passava em baixo. Ele correndo muito não conseguiu fazer a curva
e caiu lá em baixo morreu na hora a mulher que era uma coitada que nunca teve
vez nem voz sobreviveu, foi uma noite de terror para muitos e de alivio para
alguns também. A família de Humberto e Malvina sentiram aliviados juntamente
com as outras famílias que moravam nas terras do homem, a esposa do patrão
salvou-se e foi justa com todos os trabalhadores que moravam nas terras dizendo
vocês foram injustiçados por meu marido a vida toda, eu sei porque eu fui vítima
dele também, quero compensar de todo mal e exploração por parte dele. Passou
documentação doando um alqueire de terra para cada família que morava e
trabalhava quase de graça para ele. No fim ela ficou com duas fazendas e não
tinha nem um filho. Diziam que ela ia deixar para a igreja a qual ela fazia
parte, mas na verdade ela tinha sobrinhos e irmãos certamente os faria
herdeiros. Mas uma lição ficou para todos da região que adiantou tanta maldade
e avareza se quando morreu não levou nem todos os ossos de seu corpo, pois um
braço desapareceu e nunca foi encontrado diziam que as águas levaram. A curva
ficou batizada como curva do Belisário e diziam as más línguas que ele aparece
por lá com uma vela acesa procurando pelo braço.
Texto
de Luzia Couto. Direitos Autorais Reservados a autora. Proibida a
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